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Lista: Cartas dos Grandes Poderes

Os personagens principais das Cartas dos «Grandes Poderes» são Amenhotep III e Amenhotep IV/ Akhenaton (Egipto), Suppiluliuma (Hatti), Tushratta (Mitani), Kadashman-Enlil e Burna-buriash (Babilónia) e Ašur-uballit (Assíria), que estabelecem entre si laços diplomáticos que vão unir como uma grande família política que governa todo o Próximo Oriente no II milénio a.C.

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Capital assíria de Nimrud junto ao rio Tigre | Heritage Images, National Geographic

Os «Grandes Reinos», ou «Grandes Poderes», eram entendidos na época como os reinos do Egipto, de Hatti, de Mitani, da Babilónia e da Assíria. Os protagonistas destas cartas são Amenhotep III e Amenhotep IV/ Akhenaton (Egipto), Suppiluliuma (Hatti), Tushratta (Mitani), Kadashman-Enlil e Burna-buriash (Babilónia) e Ašsur-uballit (Assíria).

Na correspondência estes monarcas tratam-se, sem exceção, como «irmãos», um sinal de que reconhecem entre si um estatuto equivalente entre si (EA 3, EA 17, etc.). Por norma, este tipo de tratamento estava apenas reservado aos reis mais poderosos do Próximo Oriente, demonstrando uma relação de igualdade e respeito mútuo, quase como uma grande organização política como, por exemplo, a NATO ou a União Europeia. 

Nestas versam os seguintes temas:

  • Matrimónio entre famílias reais;
  • Política externa;
  • Troca de presentes;
  • Tratados de cooperação e ajuda mútua.

Mapa com a localização dos «Grandes Poderes» no séc. XIV a.C. | M. Lewis

 

EA 1-14, Babilónia-Egipto: enviadas pelo rei da Babilónia (Kadashman-Enlil e Burna-buriash) ao Egipto em tom amistoso, onde ambos se designavam de “irmãos”. No seu todo referem o envio de princesas e de casamentos entre o rei de um reino e a princesa de outro; e o dote levado pela noiva (ouro, presentes, prata, bronze) ao futuro marido.

EA 15-16, Assíria-Egipto: temos duas cartas enviadas por Asur-Uballit a Akhenaton, relativas ao envio de presentes e à trocas de cortesias entre monarcas.

EA 17-30, Mitani-Eipto: enviadas pelo rei Tushratta, versam sobre casamentos reais, o envio de presentes e a cortesia entre reis.

EA 26,  de Tushratta à Grande Esposa Real, Tiye: nesta compreendemos como era típica a correspondência entre o monarca e a rainha egípcia. Ambos os estadistas, discutem o estado das relações diplomáticas entre o Egipto e Mitani, após a morte de Amenhotep III.

EA 31-32, Egipto-Arzawa: duas cartas de Amenhotep III a Tarhundadu, em que predomina o tema do matrimónio entre as casas reais do Próximo Oriente.

EA 33-40, Alashia-Egipto: enviadas pelo rei de Alashia, nestas o tema predominante é o envio de presentes (ouro, prata, cobre, cereais, cavalos, etc.).

EA 41-44, Hati-Egipto: Suppiluliuma envia três cartas ao Egipto, onde predomina o tema das relações amistosas entre os dois reinos.

EA 43, de Šuppiluliuma I ao faraó: inicialmente considerada como pertencendo a um rei do Norte da Síria, mais tarde é reconhecida como tendo sido escrita por um escriba hitita em Hatti.

EA 44, de Zida ao Faraó: a autoria desta missiva é atribuída ao irmão de Šuppiluliuma, Zida. As análises petrográficas revelaram a existência de um pedaço de tecido caraterístico de Hatti. A tabuinha apresenta sinais de rasura e correções no verso.

 

Cláudia Barros é licenciada em Arqueologia pela Universidade do Minho (2018). Em 2022 concluiu o Mestrado, na mesma área e instituição, com a dissertação “O Olhar de Gomes Eanes de Zurara sobre o Norte de Marrocos: estudo da paisagem de Alcácer Ceguer (Ksar Sghir)”.

Atualmente é colaboradora das revistas Egiptología 2.0 (Barcelona) e El Aldabón – Gaceta Interna del Museo Nacional de las Culturas del Mundo (México), e tradutora da Ancient History Encyclopedia, especialmente no âmbito da Assirologia e Egiptologia, a sua área de estudo e eleição.

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