Portefólio
O meu percurso profissional
Nesta secção poderás ter acesso ao meu percurso académico desde que me decidi aventurar pelos caminhos da Arqueologia e da Egiptologia

Walt Disney

Os primeiros passos
Como tudo começou…
Licenciei-me em Arqueologia, no ano de 2018, na Universidade do Minho (Braga). Digo-vos que foi uma experiência incrível, entre escavações, aulas, professores notáveis e um gostinho especial por ter entrado no curso com que sempre sonhei.
Enquanto me fui formando, o meu fascínio pelo Antigo Egipto continuava a crescer. Sonhava poder um dia escavar no Egipto e ter o meu próprio projeto de investigação por entre as areias egípcias – sonho esse que ainda se mantém!
No último ano da licenciatura recebi uma proposta para começar a escrever para uma revista de Barcelona, Egiptología 2.0. Fiquei radiante, e desde o primeiro artigo que não deixei de publicar um novo a cada três meses.
Quando terminei os três anos de curso decidi não deixar a Universidade do Minho e acabei por seguir para o Mestrado.
Mal sabia eu que um monte de aventuras iam estar à minha espera, justamente no Norte de África…


Museu do Louvre
(Outubro de 2023)

Capa da edição nº 11 (Abril 2018), a primeira vez que colaborei com a Egiptología 2.0
“Perfume en Antiguo Egipto. Su uso en la sociedad egipcia, desde cotidiano hasta religión”
Lembro-me perfeitamente que no dia em que submeti o artigo tremia como varas verdes, porque não sabia se os editores da revista o iriam aprovar ou não. Fiquei perplexa quando me informaram que havia sido aceite e que no mês seguinte já ia fazer parte da próxima edição.
O meu espanto ainda foi maior quando me disseram que estavam interessados que eu continuasse a colaborar de três em três meses. Mais um sonho tornado realidade, e eu sem noção do caminho que já havia percorrido.
Todos encontramos aquela mítica paixão que nos marca e nos faz vibrar. Descobri que a minha era o mundo dos Faraós no 7º ano durante uma aula de História. Foi aqui que comecei a escrever as primeiras páginas do meu futuro. Tinha plena certeza de qual seria o meu destino daí para a frente!

A brincar com o colherim e a enxada…
Escavações
Durante a Licenciatura e o Mestrado tive a oportunidade de participar em escavações e projetos em Portugal e em Marrocos.

O curso de Arqueologia da Universidade do Minho oferecia-nos a possibilidade de, durante o mês de Junho/Julho, estarmos numa escavação a aprender um pouco mais daquilo que realmente seria a prática da Arqueologia.
A minha primeira experiência de campo foi em 2016 no Castro de Sapelos (Boticas).
Em 2018 escavei num dos dois balneários da Citânia de Briteiros (Guimarães), o Balneário Este.






Sítio arqueológico da Breia
De acordo com a Doutora Ana Bettencourt (Universidade do Minho) e o Doutor Manuel Santos-Estévez (Universidade do Minho), existem também casos de arte rupestre de tradição atlântica onde abundam os quadrúpedes sub-naturalistas.









Balneário Este da Citânia de Briteiros
Localizado na encosta nascente da Citânia de Briteiros, adjacente à segunda linha de muralhas e próximo a uma curva da Estrada Nacional 309, o Balneário Este aparece-nos como o segundo balneário do povoado, mais comprido que o rival, o Balneário Sul, com 12m de comprimento.
Enquanto estrutura destinada a banhos, encontra-se implantado numa zona baixa para facilitar o abastecimento de água e o acesso às populações.










Site Archéologique de Ksar Sghir
Localizado na região de Anjera, numa zona de relevos acentuados, a sul do Estreito de Gibraltar, entre Ceuta e Tânger, Ksar Sghir está implantado na margem esquerda do Oued Laksar.
Fontes dos séculos VIII-XIII referem Ksar como um possível porto ou um estaleiro naval que mantinha estreitas relações com a Península Ibérica. Da ocupação islâmica (séculos XII a XV) atualmente reconhecem-se estruturas militares, uma mesquita, um hammam, um mercado e complexos habitacionais.
A ocupação portuguesa (1458-1550) deixará para trás marcas da construção de um castelo e o reforço das estruturas defensivas; a conversão da mesquita em igreja matriz e a construção de mais um espaço de culto; o abandono dos banhos e a sua possível transformação numa prisão, e a apropriação das áreas residenciais e restante tecido urbano. Com a partida dos portugueses, o sítio ficará ao abandono.
Charles L. Redman é o primeiro a escavar no local (1974-81), deixando a descoberto uma parte do complexo urbano. Desde 2012 que Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/UNL) segue com trabalhos arqueológicos no local. A esta iniciativa juntou-se a Direção Geral do Património Cultural (2013) colaborando com trabalhos de conservação e restauro, e estudos arqueozoológicos.
Atualmente, o sítio arqueológico conta com uma infraestrutura de apoio, o Centre d’ Interpretation du Patrimoine de Ksar Sghir (2011), que funciona como museu e armazém do espólio recolhido.
Ksar Sghir faz parte de uma densa rede de notáveis sítios marroquinos da época medieval islâmica, que compreende os sítios de Chella, Belyounech, d’al-Mazamma, Sijilmassa, d’Amergou, d’Aghmat e Tinmel.
Em 2019, os ventos do destino levaram-me até Marrocos, mais propriamente à vila de Ksar Sghir – também designada nas crónicas portuguesas de Alcácer Ceguer – um entreposto árabe conquistado pelos portugueses em 1458.
Durante o mês de Junho integrei o Projeto ESPANAFRI, onde vivi muitas aventuras, conheci pessoas fantásticas e diverti-me imenso em prospeções.
O facto de apenas ter escavado em Portugal, fazia-me sonhar com a eventualidade de um dia poder escavar fora do meu país e ver como funcionava a Arqueologia lá fora.
Quando soube que havia a hipótese de desenvolver a minha investigação de Mestrado em Marrocos e, ao mesmo tempo, participar numa escavação no Site Archéologique de Ksar Sghir, fez-me crer que afinal nenhum dos nossos sonhos pode ser de todo descabido.



A minha dissertação, O Olhar de Gomes Eanes de Zurara sobre o Norte de Marrocos: estudo da paisagem de Alcácer Ceguer (Ksar Sghir), é fruto de um mês passado entre escavações, saídas de campo e trabalho de gabinete a ler vezes e vezes sem conta a Crónica do Conde D. Duarte de Meneses .
Escrita em português do século XVII, a Crónica do Conde D. Duarte de Meneses retrata a vida e os feitos heróicos do primeiro capitão de Ksar Sghir.
Gomes Eanes de Zurara é um dos maiores cronistas portugueses. Considerado o cronista dos primórdios da Expansão portuguesa em África, torna-se na voz deste período, durante o reinado de Afonso V.


A estadia de Zurara em Marrocos possibilitou-lhe a recolha de informação geográfica, etnográfica e histórica precisas, o que lhe permitiu apresentar factos verdadeiros, que se revelaram uma grande ajuda para a minha investigação.
Na realidade, a Crónica do Conde D. Duarte de Meneses é bem mais do que uma prova das façanhas do conde e da consolidação do poderio nacional em Marrocos.
Gomes Eanes de Zurara provém o leitor de dados valiosíssimos sobre a paisagem e território de Ksar Sghir, referindo topónimos de serras, rios e povoados, enriquecendo cada capítulo com detalhes que nos transportam rapidamente para o Norte de África.
A crónica é uma autêntica descrição das serras que se elevavam à distância na paisagem e que configuravam a geologia da região.

Zurara faz alusão a aldeias de grande, pequena e média dimensão, escondidas entre serras e vales, espalhadas pela linha da costa e conectadas, ou não, umas às outras por uma rede viária que, na maior parte dos casos, partia de Ksar Sghir ou derivava de outros caminhos.
Os elementos hidrográficos – rios e ribeiras – são uma constante, em especial aqueles que se localizam perto das povoações ou que detinham um papel crucial na história de Alcácer Ceguer, com maior relevância para o Oued Liane – rio que passa em Ksar Sghir.
Zurara faz ainda menção aos espaços religiosos muçulmanos (mesquitas) e à arquitetura militar da época, referindo atalaias, castelos e fortificações localizadas em pontos estratégicos do território, que funcionavam como defesas ativas em caso de invasão ou ataque.



E o que fiz eu em Marrocos?

Entrei numa verdadeira caça ao tesouro com a ajuda do Zurara!
Através das descrições que o cronista foi deixando ao longo da obra, e com a informação de outros autores que referiam os mesmos topónimos, tentei localizá-los no terreno.
Inicialmente foram selecionados os locais que tinham uma descrição mais completa, e mal tivemos oportunidade fomos ao terreno ver se encontrávamos aquilo que nos indicava a crónica.
Conseguimos identificar pelo menos três locais: Jarda, Ain-Chems e Canhete, juntamente com Benambroz, topónimo já descoberto em 2017 pela equipa do Projeto ESPANAFRI.
Foi graças ao cocktail de dados de Robert Ricard («Études sur l’Histoire des Portugais au Maroc», 1955) e Hassan Al Figuigui («Toponymie des sites dans le Nord-Ouest marocain d`après les sources portugaises», 2010) que se tornou possível desenhar a antiga paisagem de Ksar Sghir e seguir as pisadas de Zurara.
A verdade, é que conseguimos identificar pelo menos três locais: Jarda, Ain-Chems e Canhete, juntamente com Benambroz, topónimo já descoberto em 2017 pela equipa do Projeto ESPANAFRI.



Acede à minha dissertação e explora este tema
Cursos

Magic in
Middle Ages
Abril de 2020
Doutor Pau Castell Granados

Introduction to Ancient Egypt and Its Civilization
Junho 2020
Doutor David P. Silverman

Archaeoastronomy
Outubro de 2020
Doutor Giulio Magli

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Dezembro de 2020 a Fevereiro de 2021
Doutor Josep Cervelló

A Bíblia e o seu contexto. Alguns tópicos
Outubro de 2021
Doutor António de Freitas

Breve introdução à cultura hitita
Novembro de 2021
Doutor António de Freitas

Egiptología
Outubro de 2021
Doutor Josep Cervelló
Doutor José Lull

El Valle de los Reyes
Novembro de 2022
Doutor José Lull
Doutor Miguel Carceller

Egypt before and after pharaohs
Dezembro de 2022 a Janeiro de 2023
Doutora Paola Buzi

Egipto y la Biblia: Historia y Mito
Março a Maio de 2023
Doutor José Lull
Doutor Jordi Vidal Palomino

Introdução à mitologia e religião do Antigo Próximo Oriente
Outubro de 2023 a Maio de 2024
Doutor António de Freitas

Organising an Empire: The Assyrian Way
Dezembro de 2023 a Janeiro de 2024
Doutora Karen Radner

Iniciação ao Acádio I
Janeiro a Maio de 2024
Doutor António de Freitas
Publicações académicas
Artigos
Barros, C. (2018), El Perfume en Antiguo Egipto. Su uso en la sociedad egipcia, desde cotidiano hasta religión, revista Egiptología 2.0, nº 11, Abril, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 23-26
Barros, C. (2018), Comer como un egipcio, revista Egiptología 2.0, nº 12, Julho, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 58-63
Barros, C. (2018), El ejército egipcio, revista Egiptología 2.0, nº 13, Outubro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 66-73
Barros, C. (2019), Desmitificando el Harén Real, revista Egiptología 2.0, nº14, Janeiro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 75-80
Barros, C. (2019), Egipto, un posible “mercado” de esclavos de la Antigüedad?, revista Egiptología 2.0, nº 15,Abril, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 37-45
Barros, C. (2019), Medicina egipcia: ¿La piedra angular de la Medicina actual?, revista Egiptología 2.0, nº16, Julho, Barcelona: Egiptología 2.0, pp.50-56
Barros, C. (2019), Epopeyas de la infancia: el valor del niño, revista Egiptología 2.0, nº17, Outubro, Barcelona: revista Egiptología 2.0, pp. 60-66
Barros, C. (2019), ¿Demasiado turismo o no? ¿Qué hacer?, El Aldabón – Gaceta Interna del Museo Nacional de las Culturas del Mundo, nº57, 19 a 25 de Agosto, Cidade do México: Gaceta Interna del Museo Nacional de las Culturas del Mundo, pp. 27-33
Barros, C. (2020), Silencios ocultos en las arenas: buscando la nariz de la Esfinge, revista Egiptología 2.0, nº19, Abril, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 77-81
Barros, C. (2020), ¿Quién ha robado el lino del almacén?, revista Egiptología 2.0, nº21, Outubro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 78-89
Barros, C. (2021), Más allá de las fronteras egipcias: inscripción a Isis en Bracara Augusta, revista Egiptología 2.0, nº22, Janeiro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 62-69
Barros, C. (2021), Las aguas turbias de las memorias: el arte de olvidar con Damnatio Memoriae en Kemet, revista Egiptología 2.0, nº23, Abril, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 61-68
Barros, C. (2021), Cleopatra VII: Amor, lujo y sangre, revista Egiptología 2.0, nº24, Setembro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp. 51-61
Barros, C. (2022), ¿Nadar en las arenas egipcias o relajarse en los baños ptolemaicos?, revista Egiptología 2.0, nº24, Janeiro, Barcelona: Egiptología 2.0, pp.80-87
Barros, C. (2024), Escavando as origens de Ksar Sghir e a conquista portuguesa do Norte de África , Revista Minerva Universitária, 26 de Fevereiro, Lisboa: Revista Minerva Universitária
Conferências, seminários e aulas abertas

ICS – Instituto de Ciências Sociais, da Universidade do Minho

EMCHAL – Encuentros con Mujeres de Ciencia, Humanidades, Artes y Letras

Direto com «Além das Pirâmides»

Grupo de Cronística, da Universidade do Porto

ELACH- Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas Letras, da Universidade do Minho

EMCHAL – Encuentros con Mujeres de Ciencia, Humanidades, Artes y Letras

Aula lecionada para o «Programa de Egiptología» da Facultad de Historia da Universidad Pontificia Bolivariana
