Papiros médicos

Escritos em hierático em longos rolos de papiro, por vezes encontramos uma mistura entre hierático e hieróglifos (Papiros do Ramesseum). Outros tratam-se de cópias de textos do Império Antigo (2700-2200 a.C.), como o caso do Papiro Edwin Smith. Tratam temas que vão desde a Medicina geral à Obstetrícia, Ginecologia, Oftalmologia, Pediatria, Urologia.

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Papiros Lahun /Kahun (University College of London, UC 32057): datados de c. 1800 a. C. (XII Dinastia), encontrados por Flinders Petrie (1898) em El-Lahun. Abordam temas relacionados com Obstetrícia, Ginecologia, Pediatria e Medicina Veterinária.

Papiro KahunA: dividido em 34 partes, refere doenças, métodos anticonceptivos e de controlo da fertilidade, assim como o prognóstico do sexo da criança antes de nascer. Inclui ainda algumas receitas para doenças ginecológicas.

Papiro Kahun B: descreve, essencialmente, noções veterinárias.

 

Papiros Lahun /Kahun | University College of London

 

Papiro Edwin Smith (New York Academy of Medicine): tratado cirúrgico sobre Traumatologia mais antigo do Mundo, cuja autoria alguns atribuem a Imhotep (III Dinastia). Datado de c. 1500 a. C. (XVI/ XVII Dinastia), trata-se de um rolo de 4,68 metros, dividido em 3 partes: 1ª, descrição da anatomia humana e exames médicos, 2ª e 3ª tratamentos mágicos e divinos. Apresenta ainda tratamentos para fraturas, traumatismos (maxilares, nariz, clavículas), suturas de feridas e práticas cirúrgicas, e indica ainda que o cérebro é o órgão que controla os membros inferiores.

Papiro Edwin Smith  |  New York Academy of Medicine

Papiros do Ramesseum (Ashmolean Museum): descobertos em 1896 no Templo de Ramsés II, estão datados do séc. XVIII a. C. Tratam temas relacionados com Ginecologia, Oftalmologia, Reumatologia e Pediatria, além de mencionarem remédios e tratamentos. O fragmento IV refere algumas doenças ginecológica e o V faz referência a casos de artrite.

Papiro Ebers (Universität Leipzig): publicado por Georg Ebers e traduzido integralmente por H. Joachim, trata-se de uma cópia de textos de 3400 a.C. (Império Antigo). Datado de c.1500 a.C. (XVIII Dinastia), fora encontrado em 1862/1875 na necrópole de Asasif. Trata-se de um papiro de 110 páginas com 20m, que refere temas relacionados com Medicina geral (870 casos), Obstetrícia, Ginecologia e Cirurgia, além de incluir feitiços e exorcismos. É uma verdadeira enciclopédia de Medicina para os aspirantes a médicos.

Papiro Ebers  |  Science in Ancient Egypt

Papiro Hearst (University of California): encontrado em Deir el-Ballas por um grupo de camponeses que o entregaram a George Reisner, está datado da XVIII Dinastia, reinado de Tutmés III (1479–1425 a.C.). Alguns investigadores acreditam que tenha sido escrito por volta de 2000 a.C. (Império Médio). O seu conteúdo é muito semelhante ao do Papiro Ebers. Trata tema de Medicina geral e Urologia, assim como possui prescrições para problemas urinários, queda de cabelo, picaduras, dor de dentes, problemas digestivos e respiratórios, dor de cabeça.

Papiro Hearst  |  Hearst  Medical Papyrus (1905)

Papiro de Londres (British Museum, EA 10059): datado c. 1300/1629 a.C. (XIX Dinastia), encontra-se bastante danificado. De um total de 61 receitas, 25 são médicas e 36 mágicas. Faz uso de conjuros mágicos como tratamento, além de tratar casos de Dermatologia (doenças de pele), de Ginecologia (abortos espontâneos) e tratamento de queimaduras.

Papiro de Londres  |  British Museum

Papiro de Leiden (Rijksmuseum, Leiden): trata caso de Medicina, mas maioritariamente dos textos são de caráter mágico.

Papiro Oxyrhynchus 2547: datado do séc. III d.C. e escrito em grego cursivo, trata-se de um fragmento do juramento de Hipócrates.

Papiro Oxyrhynchus 2547  |  Wellcome Institute Library, London 

Papiro de Turim (Museo Egizio): datado do Império Médio (2050-1720 a.C., menciona tratamentos contra mordidas de serpente e de escorpião, assim como doenças oftalmológicas.

Papiro de Turim  | Museo Egizio

Papiro Carlsberg VIII (Københavns Universitet): datado, maioritariamente, da XIX/XX Dinastia (Império Novo), alguns fragmentos datam de c. 2000 a.C. e outros do séc. I d.C. Trata assuntos relacionados com Obstetrícia, Ginecologia, Pediatria e Oftalmologia, e possui uma rstrutura semelhante aos papiros Kahun e Berlim.

Papiro Erman (Ägyptisches Museum und Papyrussammlung, 3027): editado por Adolf Erman (1901), está datado de c. 1886 a.C. (Império Novo). O seu conteúdo aborda assuntos de Medicina, Anatomia e magia. Inclui ainda fórmulas médicas e 20 fórmulas mágicas, assim como uma lista de partes do corpo e das vísceras, encantamentos mágicos para o parto e a proteção dos bebés, e duas prescrições para doenças infantis desconhecidas.

Papiro de Berlim (Burgsch) (Ägyptisches Museum und Papyrussammlung): descoberto por um egípcio em Saqqara (1909), está datado de c. 1350-1200 a. C. (XIX Dinastia), e encontra-se em más condições de conservação. O conteúdo é bastante semelhante ao do Papiro Ebers, mencionando testes de gravidez e de fertilidade, assim como práticas mágicas.

Papiro de Berlim  |  Berlin Papyrus Collection

Papiro Chester Beatty VI (British Museum, EA10686): encontrado num túmulo de Deir el-Medina (1928), numa coleção privada do escriba Qensukhepeshef (XIX Dinastia). Este papiro é um Tratado de Proctologia, referindo desordens anorretais, além de casos dores de cabeça, e conjuros mágicos e receitas.

Papiro Chester Beatty VI  |  British Museum

Papiro Brooklyn (Brooklyn Museum): encontrado em 1885 dividido em vários fragmentos, é parte de uma coleção de papiros de finais da XXX Dinastia (450 a.C.), ou de inícios do Período Ptolemaico (332-30 a.C.). Escrito ao estilo do Império Médio (XIII Dinastia), possivelmente é originário de um templo de Heliópolis. Menciona tratamentos para mordidas de cobras, tarântulas e escorpiões (fórmula de como eliminar o veneno).

Papiro Brooklyn  |  Brooklyn Museum

 

Cláudia Barros é licenciada em Arqueologia pela Universidade do Minho (2018). Em 2022 concluiu o Mestrado, na mesma área e instituição, com a dissertação “O Olhar de Gomes Eanes de Zurara sobre o Norte de Marrocos: estudo da paisagem de Alcácer Ceguer (Ksar Sghir)”.

Atualmente é colaboradora das revistas Egiptología 2.0 (Barcelona) e El Aldabón – Gaceta Interna del Museo Nacional de las Culturas del Mundo (México), e tradutora da Ancient History Encyclopedia, especialmente no âmbito da Assirologia e Egiptologia, a sua área de estudo e eleição.

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